sexta-feira, 1 de março de 2013

Filha Ùnica

   Era algum dia, de algum mês, há  alguns anos atrás e minha mãe descobriu que estava grávida. Seria a primeira neta do meus avós e a primeira filha dos meus pais. Eu nasci. Linda,pequena,branquinha e levada. Depois disso veio minhas primas e primos, filhos de outros primos e a familia cresceu. Até hoje tenho primos pequenos em todas as fases da infancia. Do "porque?" ao "o que é isso?".
   Mimada pelos avós e bem educada pelos meus pais sempre fui "sozinha". Com uma prima um ano mais nova que eu, quando ela não estava era tudo meu. Colo da vovó, passeio para comprar balas e claro, meu quarto. Só meu.
Na escola, na praia, no bairro, na igreja, sempre tive amigos e amigas. Aqueles que existem até hoje e podem ser confundidos com irmãos e aqueles que já nem sabem que eu ainda existo. Por sempre esta sozinha entre adultos, fui educada de maneira mais madura. Sempre fui brincalhona, mais nunca fui criança(no sentindo de ser idiota e tomar atitudes sem argumentos), ao menos, na maioria das vezes.
 O tempo passou e começou essa de namorar. Como toda menina quero um dia casar e ser feliz. Só que mais que beijar e anunciar ao mundo a "posse" de outro alguém, defino namorar como -estar junto-. Companhia para passear,comer sorvete,ver filme, ir na praia, fugir do mundo. Pelo passar dos anos e a alguns meses, notei que essa pessoa não precisaria necessariamente ser chamada  de namorado. Tenho amigos. Aqueles que são bem mais velhos e cuidam de mim como se fosse uma menina de vestido rosa, laço no cabelo que desconhece os perigos do mundo; tem também aquele que sempre te ouve e te acompanha nos lugares que parecem ser particularmente seu ; e aqueles amigos(as) que vivem e experimentam a vida com você.
    Estar sentada no quarto em um dia de chuva sem ninguém em casa é absurdamente triste. Não ter um irmão ou irmã para dividir as tarefas, brigar, fazer planos de dominar o mundo ou apenas conversar já me fez muito mal. Minhas bonecas por pouco tempo satisfizeram essa minha vontade de um companheiro de bagunça dentro de casa.
    Sempre me perguntam se quero um irmão e digo que não. Não vejo muito graça em ter um irmão pequeno agora. Tenho quase 18 anos e não quero ser babá. Mesmo que eu ame passar horas cuidando de uma prima-irmã que tenho. Essa é questão. Tenho primas,amigos e internet. Claro que não é a mesma coisa,mas para quem nunca teve e não sabe a sensação é algo extremamente importante.
         Hoje, tem pessoas que chamo de amigo, só para não deixar esses com o  alter ego elevado chamando-os de irmão. São pessoas com quem realmente me importo, e desconto neles todas minhas palavras de tristeza,alegria,desespero e o que mais vier a cabeça. Essa minha prima, eu a acompanho desde o nascimento. E a melhor parte disso é que quase ela chora demais ou esta nervosa com a vida, é só mandar de volta para casa dos pais dela, mesmo que no caso dela eu prefira fazer cocegas até ela finalmente por conta própria me abandonar.
   Porém com essas pessoas eu aprendi amar e me importar. São irmãos. Porque brigamos,nos amamos e somos parecidos. Ser filha única é uma missão de encontrar no mundo seus próprios parceiros. E poder amar pessoas que não são do seu sangue e não precisar limitar quantidade bocas para alimentar em casa.
   E a melhor parte dessa missão é ter várias casas,várias mães . Mas principalmente um mimo particular de pai e mãe que só sabe quem é filha(o) única(o).

                                                                                      Valentina.

Dedicado a cada amigo(a),primo(a) que sabe que é considerado um irmão(ã) na minha vida. Grata!

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